Geral CONSERVAÇÃO
Mais de 1,6 mil ovos de quelônios coletados no Rio Araguaia vão para berçário de conservação
Trabalho de incubação é essencial para garantir maior taxa de sobrevivência dos animais que, após cerca de 50 dias, deixarão os ovos
29/09/2025 11h06
Por: André Silvestre Fonte: Secom Pará

Moradores e técnicos envolvidos na coleta de cerca de 1.600 ovos de quelônios encontrados nas praias do Rio Araguaia

O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e o Instituto Ambiental Xambioá (IAX) concluíram com sucesso uma importante missão de preservação da biodiversidade amazônica: a coleta e transferência de aproximadamente 1.600 ovos de quelônios encontrados nas praias do rio Araguaia, em São Geraldo do Araguaia, no sudeste paraense. A ação envolveu técnicos da Gerência da Região Administrativa do Araguaia (GRA), brigadistas e ribeirinhos da região.

Os ovos coletados foram encaminhados ao berçário do Instituto Ambiental Xambioá, localizado já no Estado do Tocantins, onde vão permanecer em monitoramento até o nascimento dos filhotes. O trabalho de incubação é essencial para garantir maior taxa de sobrevivência das animais que, após cerca de 50 dias, deixarão os ovos. Em seguida, permanecerão em cativeiro temporário por aproximadamente seis meses, recebendo alimentação e cuidados especiais antes da soltura na natureza.

Trabalho de incubação é vital para garantir maior taxa de sobrevivência dos animais que deixam os ovos, após cerca de 50 dias

Durante a operação, os técnicos enfrentaram desafios, como a dificuldade de localizar ninhos intactos, já que alguns haviam sido removidos por ação humana. Ainda assim, o empenho das equipes permitiu resultados expressivos. “Começamos desanimados porque muitas fêmeas não chegaram a botar e alguns ovos foram retirados por pescadores ribeirinhos. Mas conseguimos reverter a situação em outras praias e encerramos a temporada com cerca de 1.600 ovos, oriundos de aproximadamente 20 covas”, relatou Alípio Murici, presidente do Instituto Ambiental Xambioá.

Participação da comunidade local

O trabalho contou ainda com a colaboração direta dos ribeirinhos, que auxiliaram na localização dos ninhos e no transporte seguro dos ovos. Essa integração comunitária é considerada fundamental para o sucesso da ação, já que fortalece a consciência ambiental entre populações que vivem no entorno do rio e dependem de seus recursos naturais para subsistência.

A gerente da Região Administrativa do Araguaia do Ideflor-Bio, Laís Mercedes, reforçou a importância da parceria interinstitucional e do engajamento das comunidades locais para assegurar o futuro das espécies. “Esse projeto de preservação das tartarugas da Amazônia é desenvolvido com a participação direta da comunidade, que atua conosco em ações de conscientização e educação ambiental. É um esforço conjunto para manter o equilíbrio do Araguaia e a preservação dessas espécies essenciais ao ecossistema”, destacou.

Conscientização ambiental

O presidente do IAX acrescentou que o trabalho vai muito além da coleta e soltura dos animais, pois também busca estreitar laços com os moradores ribeirinhos. “Após a incubação, os filhotes serão alimentados e cuidados até estarem aptos para retornar ao rio. Esse momento de soltura se transforma em um grande evento, com participação da comunidade e diálogo direto com a população, o que reforça ainda mais o valor da preservação”, ressaltou Murici.

A iniciativa é parte de um esforço permanente de monitoramento e conservação das espécies de quelônios da Amazônia, especialmente as que desovam nas margens do Araguaia, nas adjacências de duas importantes unidades de conservação do Ideflor-Bio, o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas e da Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia. Esses animais exercem papel ecológico essencial para a manutenção dos ecossistemas ribeirinhos, contribuindo para o equilíbrio da cadeia alimentar e o ciclo natural das praias do rio.