Nesta terça-feira, 30, o Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPPA) “Sebastião Sodré da Gama” comemora 26 anos de atuação como um dos principais polos de divulgação científica da região Norte, consolidando-se como um espaço de ensino não formal que conecta ciência e sociedade.
O nome do centro homenageia o cientista paraense Sebastião Sodré da Gama. Ele ocupou o cargo de diretor do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, entre os anos de 1929 e 1951. O CCPPA é vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade do Estado do Pará (Uepa).
Aberto em 30 de setembro de 1999, o Planetário do Pará foi fundado com o propósito de democratizar o acesso ao conhecimento científico, especialmente na área da Astronomia. A partir do ano de 2012, foi incorporado ao seu espaço um centro de ciências, contendo as áreas da Matemática, Física, Química e Biologia, com o objetivo de ampliar o campo de atuação para a socialização da ciência.
Além de vivenciarem a experiência imersiva da sessão de cúpula, os visitantes têm a oportunidade de explorar diversos conhecimentos por meio de atividades interativas, desenvolvidas com uma linguagem simples e lúdica. Entre as ações oferecidas, destacam-se: experimentos de química e física, jogos matemáticos, observação em microscópio digital e o acesso a uma coleção didática de zoologia, que reúne cerca de 300 espécimes de animais.
O CCPPA se tornou referência no Pará, recebendo anualmente estudantes, professores, pesquisadores e o público em geral, de todas as idades. Desde a sua inauguração, em 1999, até os dias atuais, o espaço recebeu cerca de 1,12 milhão de pessoas durante visitações escolares, públicas, palestras, oficinas, observações do céu e participação em eventos regionais e nacionais. Apenas entre janeiro e setembro de 2025, mais de 100 mil visitantes já participaram das atividades promovidas pelo Centro, números expressivos que refletem o alcance de suas ações.
Conforme o diretor do CCPPA, José Roberto Silva, estes dados demonstram a “relevância das atividades desenvolvidas neste ambiente de educação não formal, proporcionando ao público a socialização de experimentos e conhecimento científico, e aproximando a universidade da sociedade paraense”. Para o gestor do Planetário, o sucesso é resultado do empenho de toda a equipe que atua no espaço. “Nos sentimos muito orgulhosos pelo trabalho desenvolvido pelos nossos estagiários, técnicos e docentes, para a consolidação do CCPPA”, destaca.
Dedicação
O Centro de Ciências e Planetário do Pará desempenha um papel importante na formação de futuros profissionais, oferecendo aos monitores a oportunidade de interagir diariamente com o público. Atualmente, 23 estagiários bolsistas integram a equipe do espaço. Entre eles está a monitora Laysa Ferreira, que completa, nesta terça-feira (30), um ano de atuação nas áreas de Astronomia e Física, data que coincide com o aniversário do Planetário.
“Neste ano, eu considero que consegui me desenvolver muito bem, principalmente a questão da minha fala, pois, quando eu ingressei no estágio, lidar com o público era algo complicado para mim, e no Planetário eu consegui desenvolver muito a minha didática, o que me auxiliou também com a apresentação de trabalhos acadêmicos”, conta.
Laysa ressalta o impacto da experiência em sua trajetória. “Atuar no Planetário tem sido muito gratificante na minha formação acadêmica, porque eu sempre gostei muito de Astronomia e é legal trabalhar todos os dias com algo que eu sou tão apaixonada, além de ser uma área de interesse que pretendo seguir”, afirma a estudante, que cursa o quarto semestre do curso de Licenciatura em Física na Uepa.
Além dos aprendizados técnicos que adquiriu – tais como manusear, calibrar e fazer manutenção em um telescópio, por exemplo -, Laysa destaca momentos marcantes proporcionados pelo Planetário: “Eu nunca havia participado de uma observação e aqui eu tive a oportunidade de estar presente nas observações do cometa do século, da superlua e do Sol. Foram experiências mágicas que me fizeram ter a certeza de que é com isso que eu quero trabalhar na minha vida”.
A agente administrativa Ulla Vasconcelos atua no setor de agendamento de visitações escolares do CCPPA desde 2008. Com entusiasmo, ela aborda a satisfação de integrar a equipe de servidores da instituição: “Para mim, é muito gratificante trabalhar no Planetário, que considero minha segunda casa, e onde fui muito bem acolhida. Tenho orgulho de atuar no atendimento ao público ao longo desses 17 anos como integrante dessa equipe. Sou grata pela oportunidade de fazer parte da família Planetário”.
Encantamento
Ao longos destes 26 anos, o CCPPA promove a curiosidade científica, desperta vocações e o encantamento do público, como é o caso da estudante Fernanda Souza, que cursa o 2º ano do Ensino Médio na E.E.E.F.M. Profa. Maria Araújo de Figueiredo, localizada em Ananindeua. Ela compartilhou a empolgação por ter participado da visitação escolar ao Centro na última sexta-feira, 26.
“Essa foi a minha primeira vez aqui, visitando o Planetário. Foi uma experiência incrível. A sessão de cúpula abordou temas que eu nunca tinha pesquisado antes, mas de um jeito muito didático. O que mais me chamou atenção foi aprender sobre a história da criação da vida e do mundo. Fiquei impactada por ver as constelações tão de perto, a sensação é de realmente estar no espaço”, comenta.
A diversidade de formas de vida existentes no planeta foi um dos temas que mais despertou o interesse de Fernanda. A temática foi abordada na sessão “Os Eukarya representados pelas constelações”, desenvolvida pelos professores da Uepa, Antonio Sérgio Silva de Carvalho e Reginaldo de Oliveira Corrêa Junior.
A apresentação explora os animais presentes nos biomas terrestres e os relaciona com figuras de constelações visíveis no céu noturno, a partir da perspectiva amazônica. Além de destacar as principais estrelas e formas associadas aos animais, a sessão também aborda mitologias e conexões culturais de diferentes povos com o céu.
O técnico em Física do CCPPA, Gabriel Condurú, pontua que assistir a uma sessão de cúpula é uma oportunidade que o público paraense possui de ver, de forma simulada e realista, um céu verdadeiramente escuro. “Nos dias atuais, nas grandes cidades, o efeito da poluição luminosa nos ceifou a oportunidade de observar um céu cravejado de estrelas, portanto, através do Planetário do Pará, temos a chance de contemplarmos o céu em sua plenitude”, afirmou.
Gabriel é um dos planetaristas que atuam no CCPPA operando o equipamento ZeissSkymaster, modelo ZKP-3, que projeta cerca de sete mil estrelas, constelações, Lua e planetas, na cúpulaKwarahy. Ele comenta como o público costuma reagir às sessões: “Em geral, no apagar das luzes da cúpula, resplandece no olhar das crianças o deslumbramento de poder observar uma maravilha natural que o estilo de vida moderno no impede de apreciar. Isso se dá através das reações de surpresa e entusiasmo, ao surgir das estrelas, na projeção de cúpula”.